“É oceânica a solidão negra.
Em dias atlânticos sabemos ser nosso o que está distante,
Submerso em travessias absurdas,
em náuseas intermináveis.
Foi Atlântico o medo do mar,
a adivinhação da tempestade,
a expectativa da rotina.
Foi Atlântica a dissimilação de Esperança:
“sou vítima do terrível crime
da escravidão”
Disse ser ela Esperança da Boa Ventura,
como os Aleluia, os Bomfim, os da
Cruz, os Espírito Santos
Mergulhamos num fragelo Atlântico.
Desde então, estamos todos assentados
no fundo do oceano”
Poema divisor Mira Albuquerque. DIVISOR II, na III Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre, 2001.